9 de dez. de 2003
Quem
Ele sabia que é vergonhoso não poder dominar o coração. Lágrimas, palavras ternas, gestos desorganizados, familiaridades vulgares, tudo isso eram fraquezas indignas do homem. Nós, que éramos tão unidos, nunca havíamos trocado uma palavra afetuosa. Brincávamos e nos arranhávamos como feras. Ele, o homem fino, irônico, civilizado. Eu, o bárbaro. Ele, controlando, esgotando com naturalidade num sorriso todas as manifestações de sua alma. Eu, brusco, explodindo num riso inconveniente e selvagem.
Um e outro são teu ser. Já não sei mais quem é quem, mas é mesmo essa a questão (relação). E querer resolvê-la, um grande sinal.
- Quantos desses eu conheço...
- Gosto daquela selvageria.
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