29 de set. de 2005

Na minha lista (parte três)


Oi Rita,

sabe aqueles dias de nostalgia, de pensar muito nas coisas que se foram e ainda mais naquelas que não se foram direito? sabe aqueles dias em que o sono custa a chegar? pois é. você sabe que sempre que entro numa dessas, pego minha caixa de coisas queridas e começo a mexer. numa tentativa de me aproximar desse desconhecido território da memória.

no meio das coisas queridas estava a sua carta. aquela carta que você escreveu na minha frente, por não conseguir dizer o que queria com palavras faladas. durante esse tempo todo evitei abrir e reler essa carta, talvez por nunca ter sabido o que pensar sobre ela. talvez por birra, vai saber. mas hoje resolvi lê-la.

quando penso na gente lembro imediatamente daquela briga horrível no carro, quando eu acabei te deixando plantada no meio da estrada. lembro também da sua covardia, daquela mentirada toda. por outro lado, consigo enxergar alguns momentos da mais profunda entrega entre nós dois. consigo sim. mas enfim. tô escrevendo porque queria dar um fim mais bonito pra nossa história.

ainda não sei sé é hora da gente sentar e conversar, nem sequer se isso faria algum sentido. mesmo assim queria saber o que se passa sobre mim aí na sua cabeça, porque eu não faço a menor idéia. acho muito estranho eu fingir que não te conheço, você fingir que não me conhece e pronto. queria saber se essa é mesmo a melhor solução. acho que trocar umas cartas a respeito não vai nos fazer mal. não consigo tirar da cabeça que o que a gente viveu foi bonito.

um beijo,

Clóvis