6 de jan. de 2010

Na minha casa


Marina tinha a estranha mania de juntar cacarecos, pequenos presentes, ingressos de shows, cartas antigas, bilhetes e pertences daqueles que não pertenciam mais à sua vida. Guardava tudo isso em uma caixinha, na mesma caixinha desde adolescente. A caixinha ela guardava dentro do armário. Sempre que o amor vinha ela torcia pra chegar ao ponto de mostrar as coisas todas, mas até hoje não tinha mostrado pra ninguém. Nos dias tristes pensava que aquela caixinha poderia ficar com alguém da família, então. Mas na casa dela ninguém era romântico em relação à vida, só ela.

5 de jan. de 2010

No calcanhar


Sérgio nunca tinha soltado um foguete na vida e, todos sabiam, não tinha a menor habilidade com as mãos. Mas aquele dia não podia passar em branco: era uma ocasião realmente especial. Ao ser informado da notícia, o rapaz não pensou duas vezes e soltou o foguete ali mesmo, no meio da multidão. O que ele não esperava era que o foguete escapasse da sua mão e voasse na mira dos belos cabelos da moça que estava logo a frente. De início ele achou graça, mas ao ver o rosto da moça acabou sentindo compaixão. Havia queimado a única coisa que a vítima tinha de bonito.