15 de out. de 2006

A costureira


Há mais de trinta anos ela trabalhava para aquela família. Uma vez por mês aparecia para copiar os modelos das revistas, consertar algumas peças e costurar alguns lençóis. Com o tempo passou a vir menos, porque a família tinha ficado pequena. De uns tempos pra cá, passou a não cobrar para fazer os consertos; a costureira ligava, marcava um dia qualquer e vinha. Passava o dia na casa, almoçava com a senhora e fazia questão de realizar alguns pequenos consertos. Mas agora a costureira estava praticamente cega, por causa do diabetes, e o resultado do seu trabalho era cada vez mais detestável. De qualquer maneira, a senhora sentia-se na obrigação de recolher algumas peças de roupa entre os filhos e deixar que a costureira as "consertasse". Eram anos de amizade, afinal. Não lhe custava muito, afinal. Essas eram as respostas dadas pela senhora aos seus filhos, quando eles perguntavam onde é que estava a generosidade daquela relação.

Nenhum comentário: