5 de dez. de 2007

Eterno retorno


Raquel estudava para os tais concursos públicos de segunda a sábado, o dia todo e às vezes de madrugada. Tudo o que queria na vida era poder largar o emprego no escritório e, quem sabe um dia, largar o ponto de ônibus. Por causa de tanto querer, o dia anterior à prova era sempre uma aflição; uma vez foi parar no hospital devido a uma crise nervosa. Mas assim que recebia a prova se acalmava. Ficava olhando através da janela durante cerca de meia hora, pensando na vida. Uma vez pediu para ir ao banheiro e, chegando lá, encontrou um frasco de creme hidratante sobre a bancada. Não teve dúvidas, passou nos braços e nas pernas, até onde as mãos alcançavam. Foi novamente reprovada no concurso.

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