20 de set. de 2004

Na minha lista (parte dois)


Donato,

depois de tantos anos, é um pouco difícil começar essa carta. tantos anos sem te ligar, sem nos encontrarmos, sem qualquer tipo de contato. depois de tantos outros anos de convivência diária, feito tico e teco. eu também não entendo qual é a distância que nos separa, talvez seja a distância do tempo. talvez a seja a distância dos passos que demos em direções opostas.

talvez seja justamente por isso que não te procurei durante tanto tempo. eu sempre pensei em fazê-lo, mas sempre achei que seria um pouco sem graça e um pouco sem assunto. sempre achei que nunca seria como antes, que isso era impossível. ainda acho isso, mas estou fazendo uma lista importante e você acabou aparecendo nela. então tomei coragem e escrevi essa carta.

tomei coragem de assumir que algumas pessoas fazem mesmo parte do passado. que algumas pessoas que um dia foram essenciais podem hoje não ser mais. você é essencial nas minhas lembranças, nas minhas referências. mas provavelmente vou continuar sem te ligar, sem te procurar nem nada disso. talvez eu não te ligue nem no dia do seu aniversário (porque na última vez foi meio desconfortável). essa distância nos cai bem. mas não tem jeito, eu não me esqueço de você.

um abraço,

Clóvis

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