23 de set. de 2004

O próximo passo


Estava sentado, calado, olhando para o horizonte. Olhares piedosos se aproximavam. Era como se gritassem em sua direção, bem perto dos seus ouvidos. Antes mesmo que lhe os olhares se transformassem em palavras e gestos, resolveu dizer alguma coisa, assegurar-se de que não haveria interrupção.

Não me perguntem se estou triste. Se me decepcionei, se alguma coisa aconteceu (prefiro a autonomia de expor-me somente quando me sentir à vontade). Por favor não direcionem, com suas piedosas palavras, a minha cruel atenção a qualquer ponto que me faça sentir mal. Deixem-me iludido, introspectivo e distraído. A distração me conduz a um lugar mais leve, mais pertinente. A realidade me condena, a atenção me persegue.

A consciência me impede de dar o próximo passo.

Deixe as pessoas tranqüilas. Não abra os olhos delas. Se você fizer isso, que vão elas ver? Deixe que continuem sonhando! A menos que, quando elas abrirem os olhos, você possa mostrar-lhes um mundo melhor. Você pode?

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